Selecione a página

Clubes do Forte Futebol receberão antecipação de investidora, caso assinem contrato por liga

Clubes do Forte Futebol receberão antecipação de investidora, caso assinem contrato por liga

Enquanto fundo Serengeti não obtém liberação para concretizar negócio, XP fará desembolsos de R$ 4 milhões a R$ 44 milhões. Motivo do adiantamento é prevenir saída de dirigentes para a Libra

Dirigentes do Forte Futebol obtiveram na segunda-feira a promessa de que receberão adiantamento de potenciais investidores da liga. O pagamento depende da assinatura dos documentos com o fundo americano Serengeti e a gestora curitibana Life Capital Partners (LCP).

Capelo explica nova proposta do Mubadala à Libra, para que fundo árabe se torne sócio da liga

Caso o negócio seja concretizado, a expectativa é executar os depósitos em até cinco dias. Clubes receberão valores entre R$ 4 milhões e R$ 44 milhões, a depender dos critérios estabelecidos pelo grupo.

A antecipação corresponde a 40% do que clubes do Campeonato Brasileiro e 20% do que membros da Série B têm a receber na primeira parcela do negócio, que por sua vez corresponde à metade de tudo o que as investidoras prometeram pagar para se tornarem sócias da liga.

Série A Em R$ milhões Série B Em R$ milhões
Internacional 44 Sport 14
Atlético-MG 43 Ceará 12
Fluminense 43 Avaí 9
Athletico-PR 41 Chapecoense 9
Coritiba 32 Juventude 9
Goiás 30 Atlético-GO 9
Fortaleza 24 Criciúma 6
América-MG 23 CRB 4
Cuiabá 11 Vila Nova 4
ABC 4
Londrina 4
Tombense 4

O dinheiro da antecipação será desembolsado pela XP, assessora técnica do Forte Futebol e responsável por organizar a captação dos investidores. Posteriormente, a empresa será ressarcida por Serengeti e LCP.

O motivo alegado para a antecipação ser feita pela XP é a demora de trâmites burocráticos, como obter a liberação do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) para a entrada de estrangeiros.

O prazo para o pagamento coincide com a próxima janela de transferências, que ficará aberta entre 3 de julho e 2 de agosto. Nos bastidores, entende-se que o adiantamento servirá de estímulo para que dirigentes concluam seus processos internos e assinem a papelada.

Dirigentes se reúnem em fundação da Liga Forte Futebol — Foto: Divulgação

Dirigentes se reúnem em fundação da Liga Forte Futebol — Foto: Divulgação

A assinatura dos documentos definitivos é o último passo da negociação, dada por dirigentes como resolvida há quatro meses. No início de fevereiro, o Forte Futebol anunciou o pré-acordo com a Serengeti. Desde então, minutas contratuais vêm sendo redigidas, ao mesmo tempo em que cartolas buscaram aprovações em seus Conselhos Deliberativos.

Hoje, o grupo conta com a aprovação dos órgãos internos de 24 dos 26 clubes que formam o Forte Futebol. Apenas ABC e Internacional ainda não concluíram seus trâmites para concretizar o negócio.

Capelo mostra distribuição de dinheiro de investidores na liga e diferenças entre Libra e Forte Futebol

A proposta apresentada por Serengeti e LCP prevê o pagamento de R$ 4,85 bilhões para se tornar sócia da liga de clubes, na hipótese de haver todos os clubes de Séries A e B, ou R$ 2,2 bilhões para o cenário em que apenas participam do negócio de 22 a 35 clubes.

Como ainda não houve solução para o impasse entre dirigentes dos dois blocos que se formaram, do Forte Futebol e da Libra, o acordo atual se enquadra na segunda hipótese, de R$ 2,2 bilhões.

Serengeti é um fundo de investimentos sediado em Nova York, nos Estados Unidos, enquanto a LCP é uma gestora de investimentos paranaense, com sede em Curitiba. As empresas se juntaram para comprar 20% da futura liga de clubes. Se viabilizado, esse investimento terá seu retorno por meio dos ganhos obtidos pela própria liga.

Serengeti/LCP Mubadala
Valor integral R$ 4,85 bilhões R$ 4,75 bilhões
Quantidade necessária para valor integral 36 ou mais clubes 36 ou mais clubes
Valor intermediário R$ 2,2 bilhões R$ 4 bilhões
Quantidade necessária para valor intermediário 22 a 35 clubes 18 a 35 clubes

Entenda o contexto

 

A promessa de antecipação da verba surge como reação do Forte Futebol à nova oferta apresentada pelo Mubadala à Libra. Trata-se do fundo de investimentos com origem nos Emirados Árabes que, em paralelo, também pretende se tornar sócio da futura liga de clubes.

Leila Pereira dispara contra o Flamengo na Libra: “Precisa uma mulher bater na mesa e dizer: acorda!”

O fundo árabe apresentou na última sexta uma proposta “intermediária” de R$ 4 bilhões, para assinar contrato mesmo sem ter todos os 40 clubes das duas divisões nacionais. Na segunda, o Forte contra-atacou.

O temor em ambos os grupos é perder membros, e o dinheiro tem sido usado como principal argumento para prevenir ou motivar as trocas.

Enquanto a Libra sinaliza com R$ 4 bilhões – muito acima dos R$ 2,2 bilhões oferecidos pela Serengeti no cenário parcial –, assessores do Forte Futebol querem blindar o grupo ao garantir o pagamento mais ágil.

Até hoje, só o Sampaio Corrêa tomou a decisão de deixar o Forte Futebol e aderir à Libra. Como negociações entre os grupos se demonstraram inúteis, a aposta continua a ser pelo esvaziamento do adversário ao tirar membros dele.

Controvérsia jurídica

 

Outro argumento usado por assessores do Forte Futebol, a fim de evitar a perda de membros do grupo para a concorrência, é a afirmação de que a proposta recém-apresentada pela Mubadala possui uma pegadinha em sua redação. A cláusula que consta da proposta diz o seguinte:

– 2.3. Caso a adesão à LIBRA e à Transação seja realizada por, no mínimo, 18 (dezoito) e, no máximo, 33 (trinta e três) clubes das Séries A e B (incluindo necessariamente 7 (sete) dos 10 (dez) primeiros clubes listados no Anexo II), e a LIBRA passe a participar da organização apenas da Série A do Campeonato Brasileiro de Futebol (“Cenário Alternativo”), o Preço de Aquisição corresponderá a R$4.000.000.000,00 (quatro bilhões de reais).

 

O trecho sublinhado pela reportagem contém a parte que motivou controvérsia. Na interpretação de dirigentes do Forte Futebol, o Mubadala está impondo, como condição para o pagamento de R$ 4 bilhões, que a CBF passe a organização do Campeonato Brasileiro à Libra.

Na hipótese de haver dois blocos comerciais, em vez de uma liga com todos os clubes, isto abriria o precedente para que a CBF continuasse a organizar o Brasileirão. Logo, aos olhos desses dirigentes, seria impossível garantir que a responsabilidade fosse transferida a um grupo.

A interpretação dada a este trecho é diferente entre representantes da Libra. Eles alegam que o intuito deste trecho da proposta é garantir que o grupo possa participar da organização do campeonato nacional, de modo a viabilizar a exploração de seus direitos de transmissão – o que é diferente de deter ou controlar todo o torneio, em substituição à CBF.

Quem é quem

 

São membros da Libra: Bahia, Botafogo, Corinthians, Cruzeiro, Flamengo, Grêmio, Guarani, Ituano, Mirassol, Novorizontino, Palmeiras, Ponte Preta, Bragantino, Sampaio Corrêa, Santos, São Paulo, Vasco e Vitória.

São membros do Forte: ABC, Athletico, Atlético-MG, América-MG, Atlético-GO, Avaí, Brusque, Chapecoense, Coritiba, Ceará, Criciúma, CRB, CSA, Cuiabá, Figueirense, Fluminense, Fortaleza, Goiás, Internacional, Juventude, Londrina, Náutico, Operário-PR, Sport, Vila Nova e Tombense.

Deixe uma resposta

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Comentários