Monitor da Violência: 370 pessoas são assassinadas nos 5 primeiros meses deste ano em MT
Os dados são da Secretaria Estadual de Segurança Pública (Sesp) e se referem aos crimes de homicídio doloso – quando há intenção de matar. O levantamento faz parte do Monitor da Violência, reunido pelo g1.
Mato Grosso registrou 370 homicídios dolosos – quando há intenção de matar – nos cinco primeiros meses deste ano, de acordo com dados da Secretaria Estadual de Segurança Pública (Sesp-MT). Os dados fazem parte do Monitor da Violência, divulgado pelo g1 nessa terça-feira (20).
De janeiro a maio deste ano, o estado também registrou quatro roubos seguido de morte e uma lesão corporal seguida de morte, conforme a Sesp. (Veja gráfico com mais detalhes abaixo).
Em âmbito nacional, o número de assassinatos continua em queda em 2023, segundo o índice nacional de homicídios criado pelo g1, com base nos dados oficiais de 26 estados e do Distrito Federal.
Foram 10,2 mil assassinatos nos três primeiros meses deste ano, o que representa uma baixa de 0,7% em relação ao mesmo período do ano passado.
Estão contabilizadas no número as vítimas dos seguintes crimes:
- homicídios dolosos (incluindo os feminicídios)
- latrocínios (roubos seguidos de morte)
- lesões corporais seguidas de morte
Em 2022, o Brasil teve uma queda de 1% no número de assassinatos, como apontou um levantamento exclusivo do Monitor da Violência. Foram 40,8 mil mortes violentas intencionais no país no ano passado, o menor número de toda a série histórica do Fórum Brasileiro de Segurança Pública pelo segundo ano seguido.
Segundo especialistas do FBSP e do NEV-USP, o menor número de mortes é motivado por um conjunto de fatores, incluindo: mudanças na dinâmica do mercado de drogas brasileiro; maior controle e influência dos governos sobre os criminosos; apaziguamento de conflitos entre facções; políticas públicas de segurança e sociais; e redução do número de jovens na população.
Os dados do primeiro trimestre de 2023 apontam que:
- houve 10,2 mil assassinatos nos primeiros três meses deste ano, pouco mais de 70 mortes a menos que no mesmo período de 2022;
- na contramão do país, 14 estados registraram alta nas mortes;
- já outros 13 tiveram queda nos registros;
- Roraima teve a maior queda: 23,8%;
- Amapá teve o maior aumento nos crimes: 87%;
- todas as regiões do país tiveram queda de assassinatos, com exceção do Sudeste.
O levantamento, que compila os dados mês a mês, faz parte do Monitor da Violência, uma parceria do g1 com o Núcleo de Estudos da Violência da Universidade de São Paulo (NEV-USP) e o Fórum Brasileiro de Segurança Pública.
Na noite desta terça-feira (20), acontece em Belém (PA) a abertura do 17ª edição do Encontro Anual do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, momento em que os dados deste levantamento também serão apresentados ao público.
- PÁGINA ESPECIAL: Mapa mostra assassinatos mês a mês no país
- METODOLOGIA: Monitor da Violência
Tendência de queda nacional
Os especialistas do Núcleo de Estudos da Violência da USP e do Fórum Brasileiro de Segurança Pública elencam alguns pontos para explicar a queda dos indicadores nos últimos anos:
Mesmo com os aumentos pontuais de violência em alguns estados, a queda no primeiro trimestre de 2023 aponta que o país está seguindo a mesma tendência nacional de 2022 e dos últimos anos, de diminuição gradual dos indicadores.
- Mudança na dinâmica do mercado criminoso de drogas brasileiro: “Hoje temos um mercado de drogas mais eficiente, menos truculento e menos custoso, o que amplia o poder econômico e o poder político desses grupos”, diz Bruno Paes Manso, do NEV-USP. Segundo o pesquisador explica em seu artigo sobre os dados de 2022 do Monitor da Violência, a redução dos homicídios é parte de um contexto de maior profissionalização das facções do narcotráfico no país. Essas organizações criminosas se desenvolveram de modo a reduzir os conflitos entre grupos rivais, principal razão para o alto índice de homicídios no país. Se, por um lado, essa queda de rivalidade entre os grupos criminosos reduz as mortes violentas, por outro, facilita a influência de quem organiza o crime nas instituições democráticas e amplia a atuação das práticas ilegais para outras atividades, como o crime ambiental.
- Criação de programas de focalização e outras políticas públicas: “Várias unidades da federação adotaram, ao longo dos anos 2000 e 2010, programas de redução de homicídios pautados na focalização de ações nos territórios. O Pacto Pela Vida, em Pernambuco, o Estado Presente, no Espírito Santo, e o Ceará Pacífico, no Ceará, são exemplos de projetos que buscaram integrar ações policiais e medidas de caráter preventivo”, afirmam Samira Bueno e Renato Sérgio de Lima, do FBSP. Os especialistas também citam outras políticas públicas que estão sendo desenvolvidas pelas unidades da federação, focadas na integração das forças policiais com o fortalecimento dos mecanismos de inteligência e investigação.
- Redução do número de jovens na população: “Tem a ver com as mudanças demográficas, algo que a gente já vem apontando há alguns anos no Atlas da Violência, que é a redução do número de jovens na populacão. É sabido que a maior parte da violência letal atinge jovens do sexo masculino. E o Brasil está diante de uma grande mudança demográfica”, afirma Samira Bueno, do FBSP.
- Criação do SUSP e mudanças nas regras de repasses: “Em 2018, o governo federal conseguiu aprovar, depois de tramitar por 14 anos, a lei que criou o Sistema Único de Segurança Pública, responsável por regulamentar a Constituição de 1988 no que diz respeito à integração e eficiências das instituições de segurança pública. Ainda em 2018, (…) houve uma mudança nas regras de repasse de recursos arrecadados pelas Loterias da Caixa que, na prática, fez com que cerca de 80% de todo o dinheiro da segurança repassado para estados e Distrito Federal de 2019 a 2021 tenha as loterias como origem e, com isso, novos recursos puderam ser destinados à área”, dizem Samira e Renato.
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